“Doutor eu não tenho medo da cirurgia, eu tenho medo é da anestesia!
É muito frequente se ouvir a frase acima de pessoas que tem uma cirurgia pela frente. No entanto há muitos mitos e preconceitos quando o assunto é anestesia. Por isso, esta publicação traz uma entrevista exclusiva com a Dra. Cristiane Vargas Balleroni Shimabucoro, que é médica especialista em anestesiologia no Hospital de Cirurgia Plástica Fontana Della Gioventú.
Doutora, para ser anestesista precisa fazer faculdade de medicina?
DRA. CRISTIANE: A anestesia é uma especialidade médica com mais de 50 anos de existência. Para ser um anestesista é necessário cursar seis anos de faculdade de medicina e depois disso ainda realizar uma residência médica em anestesiologia, que dura mais três anos, para estar capacitado a realizar uma anestesia. O anestesista não só administra os anestésicos, é ele quem controla as funções dos órgãos vitais incluindo os batimentos cardíacos, pressão sangüínea, respiração e oxigenação do sangue. Permite que você seja operado sem sofrimento e com segurança, mesmo que você não perceba ou não se lembre de nada depois.
Por que as pessoas têm tanto medo da anestesia?
DRA. CRISTIANE: Acredito que os dois principais fatores são o medo do desconhecido e as notícias sensacionalistas dos raríssimos casos de graves complicações. Gosto de comparar ao medo de andar de avião. Quem nunca o fez morre de medo e muitos que viajam com frequência também ficam estressados. No entanto, milhares de vôos acontecem todos os dias com segurança e tranquilidade e somente quando acontece um muitissimamente raro acidente isso é noticiado de uma forma bombástica fazendo com que as pessoas criem um temor desproporcional. Acredito que o melhor antídoto para o medo da anestesia é realizar uma avaliação pré-anestésica com um médico anestesiologista qualificado. Este bate papo obrigatório proporcionará explicações e orientações que certamente reduzirão os seus medos e a sua ansiedade além de permitir que o médico anestesista examine o paciente e obtenha informações de sua saúde que são de fundamental importância para realizar o ato anestésico.
SAIBA QUAIS SÃO OS TIPOS DE ANESTESIA
Local
Como o próprio nome diz o anestésico age diretamente no local onde é aplicado. Pode ser associada à sedação, onde o paciente dorme e não vê a aplicação da anestesia.
Regional
Quando apenas uma região do corpo é anestesiada. Com anestesia regional você pode ficar dormindo ou acordado, conforme a conveniência, embora parte de seu corpo fique anestesiada. Exemplos de anestesia regional são a peridural e a raqui (aplicada nas costas). Na raqui, por exemplo, o paciente fica com toda a área do abdome, região lombar e pernas adormecidas.
Geral
Os medicamentos são aplicados na veia e o paciente dorme, ficando num estado de total ausência de dor e outras sensações durante a operação.
Quem escolhe o tipo de anestesia? É o paciente, o anestesista ou o cirurgião?
DRA. CRISTIANE: O ideal é que essa escolha atenda o desejo dos três, mas entendemos que devido ao paciente ser leigo muitas vezes limita a sua capacidade de escolher a melhor indicação. A melhor anestesia é a que vai oferecer acima de tudo maior segurança para o paciente e ao mesmo tempo permita que o cirurgião possa realizar o seu trabalho com tranquilidade.
Posso levantar a cabeça ou usar travesseiro depois de tomar raqui?
DRA. CRISTIANE: Sim, esta história de repouso sem erguer a cabeça surgiu antigamente quando não se sabia ao certo a causa da cefaléia (“dor de cabeça”) pós-raqui. Hoje sabemos que além de sua incidência ser baixa, 2%, o fato de ficar deitado não previne seu aparecimento já que as causas não estão relacionadas com o decúbito.