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27 de julho de 2019

Colar a orelha do bebê com esparadrapo diminui a “orelha de abano”?

Não! Hábito ainda pode provocar irritações ou infecções na pele do bebê.

É só o bebê nascer com a orelha um pouco mais saltada para fora que, logo na maternidade, aparece algum parente aconselhando a colar as orelhinhas do recém-nascido com esparadrapo, na tentativa de “corrigir” a “orelha de abano”, como é popularmente chamada. Muitos pais, preocupados com a questão estética e até com possível bullying na infância, acabam recorrendo ao método, mas isso não é recomendado.

Usar esparadrapo reduz orelha de abano?

Segundo os especialistas, fazer isso não só é ineficiente para corrigir o “problema”, como ainda pode ser prejudicial à pele do recém-nascido. Em alguns casos, principalmente quando a orelha fica colada por muito tempo, pode haver irritação e até inflamação.

Por ser uma área próxima ao couro cabeludo, o esparadrapo ainda pode puxar os fios de cabelo, causando mais incômodo e dor à criança.

Qual a solução mais indicada?

Os médicos dizem que moldes de silicone estão entre os métodos mais eficientes para corrigir a “orelha de abano”. O procedimento, que deve ser feito sob supervisão e aconselhamento médico, no entanto, tende a ser mais eficaz quando a abertura ou deformidade é leve a moderada. Quando a abertura é grande (geralmente, acima de meio centímetro), só a cirurgia plástica resolverá a questão mesmo.

Um estudo publicado no periódico científico Plastic and Reconstructive Surgery, realizado com 488 crianças, mostrou que 90% dos casos tiveram melhora com o uso do molde. O tratamento demora de quatro a seis semanas e apresenta melhor resultado se feito em bebês com menos de 21 dias de vida –isso porque até os primeiros 45 dias a criança ainda está sob efeitos dos hormônios maternos, o que altera a maleabilidade da pele, deixando-a mais suscetível a mudanças.

Vale ressaltar que o procedimento não é barato e poucas pessoas ainda têm acesso a ele no Brasil.

E tem alguma opção mais acessível?

Alguns cirurgiões usam uma espécie de sonda que passa por fora da orelha e é colada com adesivo médico específico para não causar irritações. Mais uma vez, o método deve ser feito sob orientação médica e demonstrado aos pais como deve ser realizado em casa. Nunca faça por conta.

As faixas elásticas funcionam?

No primeiro mês de vida, o uso de faixas na cabeça apresenta resultado apenas quando a deformidade é suave, normalmente em casos de uma dobra formada por causa da posição em que o bebê estava no útero. No entanto, saiba que, assim como o uso de esparadrapo, o item não corrigirá a “orelha de abano”.

Se ainda assim optar pela faixa, é de extrema importância usá-la apenas quando bebê estiver sob os cuidados de alguém. Na hora de dormir, retire o acessório, para evitar risco de sufocamento, já que pode acontecer de a faixa se deslocar da cabeça e tampar as narinas da criança.

A partir de que idade a criança pode operar?

Os médicos consultados afirmam que a criança só deve ser operada acima dos seis anos, quando já tem a possibilidade de fazer uma intervenção cirúrgica sem correr o risco de a orelha mudar de tamanho. A plástica, no entanto, deve apenas ser feita se esse for um desejo do jovem, porque muitas vezes ele lida bem com a questão e não deseja passar pela otoplastia, como é chamada a cirurgia que corrige a “orelha de abano”.

Fontes: Dov Charles Goldenberg, cirurgião plástico especializado em cirurgia reconstrutiva e pediátrica do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Mônica Carceles, pediatra neonatologista e coordenadora do berçário da Pro Matre Paulista (SP).

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